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REPENSANDO NEGÓCIOS E MINISTÉRIO:
Como você tem investido suas 90.000 horas?

Leia abaixo uma reflexão escrita pelo CEO do C12, Mike Sharrow:

 

Em Janeiro de 2020, 3.000 dos líderes mundiais mais poderosos nos negócios, no meio acadêmico e em questões sociais se encontraram no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça. O tema foi “Stakeholders por um Mundo Coeso e Sustentável”. Esses líderes formadores de opinião reconheceram seus papéis, não só como acionistas, mas como stakeholders capazes de facilitar a mudança de forma significativa e moldar o futuro. Juntos, esses transformadores globais debateram questões de valores corporativos: o que uma empresa deve à sua comunidade, ao seu país e ao mundo em geral? O que significa um negócio não só fazer o bem, mas ser bom? O que tal aspiração requer?

 

Os líderes do fórum estão se inspirando em uma discussão internacional que cresceu em um movimento completo. Funcionários da geração Y e da geração Z se veem como parte de uma economia com propósito. Essa geração de trabalhadores espera que o trabalho que fazem reflita algo significativo sobre quem eles são, e, além disso, esperam que as empresas para as quais trabalham se preocupem com mais do que fazer dinheiro.

Esse tipo de aceitação moral tem o potencial de energizar os mercados mundiais e revolucionar a maneira como vivemos. Isso pode também, infelizmente, criar uma cultura em que os trabalhadores estão inteiramente dedicados ao trabalho até o ponto de que não possam mais continuar. Eles se esgotam. Não há um parâmetro de referência preciso para o progresso quando sua meta é mudar o mundo. Então as pessoas se desgastam, e por fim, desistem. A não ser que Jesus seja envolvido.

 

Quando comecei minha carreira no mundo corporativo, eu estava trabalhando para pagar a faculdade. Inicialmente, eu estava estudando para ser pastor e só precisava do trabalho para pagar as contas. Quatro anos se passaram e, antes que eu percebesse, tinha subido alguns níveis em uma empresa Fortune 50 e mudei meu curso de especialização para negócios. Foi então que tive minha primeira crise de fé no trabalho.

Eu estava sentado à escrivaninha uma noite quando um e-mail chegou da equipe executiva me parabenizando por algo que eu tinha feito. Esse e-mail deveria ter me deixado feliz, mas em vez disso, parecia um alerta de fracasso. Eu sabia que a vida era mais do que elogios corporativos por criar dispositivos. Eu sentia como se precisasse fazer “coisas significativas” para o Reino de Deus – parecia que Deus tinha me chamado para muito mais. Nós todos ansiamos ouvir “bom trabalho!”. Todas as pessoas ocupadas e prósperas têm um medo inerente de não serem suficientemente bem-sucedidas, de que o que fazem não importa, de que estão conquistando as coisas erradas. O mercado de ações quebra, tecnologias mudam, e mesmo os movimentos sociais mais cativantes desaparecem. As coisas que duram eternamente têm todas algo em comum: Elas são feitas para Cristo.

 

Eu comecei a perceber que eu tinha compartimentalizado minha vida em coisas que eram sagradas e outras que eram seculares. Eu era uma pessoa quando vestia o uniforme com a logo da empresa e outra pessoa quando vestia a camiseta da igreja. Embora eu soubesse o que era o ministério na igreja e na vizinhança, eu não fazia ideia do que poderia ser o ministério em uma empresa com fins lucrativos. Eu tinha ido a boas igrejas e tinha lido bons livros, mas este era um território desconhecido para mim. Como deve ser o negócio como ministério? Eu não sabia como começar a responder essa pergunta. Na segunda-feira seguinte, nossa empresa contratou um novo gestor que acabou se tornando meu primeiro mentor na questão fé-trabalho, Tony Barrett. Ele me chamou um dia e disse, “Você está tentando entender como isso funciona, não está?” Com a orientação dele, comecei a entender que minha fé e trabalho não precisavam estar em conflito. Integrar os dois era essencial para me tornar um funcionário efetivo no Reino que administra o trabalho como uma plataforma do ministério.

 

As pessoas estão sedentas para ver uma vida íntegra e consistente. Elas estão interessadas em saber por que você não está desesperado ou não tem atitudes negativas quando as coisas estão indo mal. Elas querem saber por que você busca manter a paz quando alguém está tentando te punir. No geral, as pessoas desejam virtude – elas geralmente não têm o motivo para fazer o mesmo. O Evangelho é esse motivo, encorajando o tipo de pensamento que produz a vida que tantos estão procurando. Minha fé se tornou a motivação para realizar negócios realmente bons – para um grande propósito. Os Cristãos nos negócios são comumente tratados como se nosso maior valor residisse em produzir dinheiro para financiar iniciativas relevantes. Há um mérito inegável em gerenciar uma empresa lucrativa, que doa generosa e financia ministérios. Mas eu creio que Deus está menos interessado com o que fazemos com nosso dinheiro e está mais interessado em como lidamos com as pessoas. As pessoas são o maior bem no Reino de Deus, e as empresas têm acesso a muitas pessoas.

 

Pequenas empresas na América influenciam em média mais de 5.000 pessoas todos os anos. O alcance se estende a funcionários e suas famílias, é claro, mas também a clientes, fornecedores, gestores imobiliários e colegas do setor. De acordo com estatísticas dos Estados Unidos, a maioria dessas pessoas nunca vai à igreja. O empresário médio na América, portanto, pode ter mais acesso a pessoas não-alcançadas em um ano do que alguns pastores de grandes igrejas. Trabalhar lado a lado com as pessoas todo dia, toda semana, todo ano, cria oportunidades orgânicas para o ministério – oportunidades que me surpreenderam quando as reconheci. Meu maior obstáculo para integrar meu trabalho e minha fé até aquele ponto tinha sido minha própria ignorância. Assim como muitos executivos com altas responsabilidades, eu achava que havia barreiras legais para criar uma cultura baseada na fé em uma empresa com fins lucrativos. Estávamos preocupados com o fato de que dirigir um estudo bíblico durante o horário de trabalho ou conceder tempo livre remunerado para funcionários que desejassem ser voluntários em organizações de serviço cristãs pudesse deixar nossas empresas vulneráveis a ações judiciais por discriminação. Recursos educativos, prestação de contas e mentoria me mostraram que não era necessariamente o caso.

 

Nos Estados Unidos [e no Brasil], um empresário tem todo direito de dizer que seus negócios existem para glorificar a Deus. Há maneiras certas e erradas de colocar isso em prática, mas todos os dias há momentos e possibilidades para ministrar, e isso não deveria ser desperdiçado. Há um estigma em nossa cultura que, ou uma pessoa é chamada para o ministério, ou não é. Se você não é uma daquelas pessoas escolhidas para uma vocação ministerial, a implicação é que você só consegue um emprego para sustentar aqueles que são. Essa é uma falsa dicotomia. Deus não nos chamou para escolher entre sucesso e relevância. Ele nos chama para declarar nossa fidelidade como discípulos de Jesus, sendo todo o resto secundário. Uma vez sob o senhorio de Cristo, tudo o que você faz está nEle e é por Ele. Jesus nunca chamou discípulos de meio período. A ideia de que negócios não podem ser um ministério faz com que empresários fracassem e pode ser terrivelmente isoladora. Não temos a tendência de falar muito sobre fé no trabalho, então muitos não estão cientes de que há outros Cristãos próximos a eles. Eu lembro da solidão que sentia aumentar à medida que recebia mais responsabilidades na empresa. Esse isolamento veio por achar que eu era o único tentando integrar fé e trabalho.

 

Em 1 Reis 19, Elias está fugindo do rei e assassino Acabe. Ele clama a Deus, achando ser o único cujos joelhos não se dobraram diante de Baal, mas Deus lhe diz que ele não está sozinho – há outros 7.000. De forma semelhante há mais de 100.000 empresários na América que foram à igreja local na última semana, e ainda assim, muitos se sentem sozinhos como eu uma vez me senti. Passamos 90.000 horas de nossa vida adulta no trabalho. Isso é muito tempo para não estar com Cristo, torcendo apenas para não estragar tudo. Por outro lado, essa é uma quantidade de tempo incrível para não investir no ministério com pessoas que talvez não estejam abertas para ouvir o Evangelho.

 

Quando fé e trabalho andam lado a lado em um modelo de negócios moldado pelo Evangelho, torna-se mais fácil encontrar a comunidade com a qual estamos conectados. Isso desfaz o mito de estarmos sozinhos na obra de expansão do Reino. A liderança pode certamente ser solitária, mas não precisa ser assim. Quando empresários perguntam o que honra a Deus em suas empresas, isso pode ajudar os funcionários a terem uma visão mais ampla. Isso pode transformar completamente a cultura do local de trabalho, provocar o desenvolvimento humano e promover o engajamento guiado pelo propósito, diferente de qualquer outra coisa. Deus está no negócio de pessoas, assim como todos os negócios. Isso deveria nos compelir a construir grandes negócios que tenham a capacidade de se importar mais com as pessoas, gerando um impacto eterno.

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Mike Sharrow,
CEO DO C12 GROUP

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